Dojando com estudantes de direito

quarta-feira, 27 novembro 2013

Alô amigos dojeiros!

Há tempos não escrevo aqui e vou quebrar o jejum contando um pouco de uma bagunça que temos feito deste lado da galáxia.

No meio deste ano passei a trabalhar na escola de direito da FGV; como minha pesquisa lá na matemática estava debruçada sobre esse domínio, fez sentido aproveitar a oportunidade de trabalhar direto com essa gente boa que fala muito diferente.

Pouco tempo depois, o professor Ivar Hartmann, responsável pelo Supremo em Números, decidiu começar um grupo de estudos em programação com os estudantes de direito e me convidou para ser “tutor” do grupo.

O desafio era compartilhar do maravilhoso mundo da programação com um grupo que conhecia muito pouco do assunto, com backgrounds e interesses diferentes. Não tive dúvidas: façamos Dojos!

O que se seguiu foi uma experiência bem gostosa. Ver o pessoal entendendo temas como TDD, tipos, mutáveis x imutáveis e as coisas fluindo tão suavemente foi bem legal. Legal não, foi maneiríssimo vê-los comemorando porque o teste passou, pulando de alegria em algum momento eureka e explicando com segurança as próprias sacadas para quem tinha faltado a algum encontro.

Enfim, deu pra ver que focar as pessoas, não o conteúdo, focar a aprendizagem, não a “ensinagem”, faz toda diferença. O Dojo se mostrou mais uma vez um método bem útil pra isso. Tenho aprendido muito a cada encontro.

Termino esse post, então, com três depoimentos dos participantes:

O Grupo de Estudos em Programação é uma oportunidade para o estudante ou profissional do Direito explorar uma área em intenso desenvolvimento. As atividades permitem o desenvolvimento de raciocínio lógico e o aprimoramento da capacidade de estruturação e expressão através da linguagem. Em poucos encontros, os resultados já são evidentes e superaram minhas expectativas. Bianca Dutra

O grupo de estudo é um espaço em que podemos estudar esse tema de vanguarda e com o método do Dojo, em que estamos sempre com a mão na massa . Assim, vendo os conceitos aplicados na prática, chega a ser divertido as reuniões do grupo, que tem um clima muito agradável. Pedro Delfino

Percebi a necessidade de aprender a programar quando do início do meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso. Minha proposta era enfrentar o clássico problema da Judicialização de questões envolvendo a Administração Pública analisando um grande volume de dados, fazer um estudo empírico em direito. À época, capturei, li, categorizei e tabulei em excel cerca de 600 decisões judiciais, tudo manualmente. Consegui fazer as análises que queria e obtive um excelente resultado com o TCC, mas longe do volume de dados que gostaria de explorar, simplesmente porque não sabia programar. Essa etapa que durou cerca de 2 meses, poderia ter sido feita em dias.

A importância de aprender a programar não está só para as pesquisas. O advogado de hoje e do futuro tem e terá cada vez mais que lidar com questões extremamente complexas e, por vezes, envolvendo grande volume de dados. Gerar visualizações para contribuir na tomada de decisões, explorar dados para enxergar estrategicamente, administrar processos e até mesmo fazer cálculo de predileção de determinada tese, tudo isso se torna mais simples e rápido sabendo programar.  Acredito que as aulas que a Direito Rio vem oferecendo aos alunos são de extrema relevância para facilitar o exercício profissional.Isabelle Lessa